domingo, 25 de setembro de 2011

Teias de aranha! (2ª semana)

Unidade 1 - Interdisciplinaridade, transversalidade e construção de valores
Disciplina: Temas transversais e projetos
Semana 2 (12 à 18/09)

"É preciso retirar as disciplinas científicas de suas torres de marfim e deixá-las impregnar-se de vida cotidiana" (Moreno)
Mesmo com tantos avanços da ciência, não se construiu ainda a justiça e o bem estar social. Na verdade estamos um pouco longe deste conceito, que muitas vezes soa utópico. Acredito que até mudarmos as respostas (detestáveis) das seguintes perguntas - A quem a ciência continua servindo? A que parcela da população? A escola está a serviço de quem? - provavelmente continuaremos no sentido oposto destes conceitos tão belos na sua teoria. Mas vou me focar no que, talvez, esteja ao meu alcance: a escola. A educação tem dois objetivos principais são eles:

- a instrução: conhecimentos construídos historicamente pela humanidade e que cada cultura decide transmitir às futuras gerações.
- a formação ética: desenvolvimento de alguns aspectos que dêem aos jovens e às crianças condições para uma vida política e pública da sociedade, de forma crítica e autônoma.

Diversas vezes vimos este lado de cidadania ignorado pelas escolas, que na sua grande maioria nega tal realidade e afirma que ensinar divisão com 3 números para crianças de 8 anos é cidadania, pois o objetivo é ensinar conteúdos descolados da realidade complexa vivida pelos alunos para que eles estejam "preparados" para o vestibular, mas e "preparados" para vida? Será que não é tão importante?

Neste ciclo sem fim, a responsabilidade da formação ética e moral das crianças e adolescentes são deixadas para os pais, que trabalham o dia inteiro e precisam de ajuda nessa função, portanto esperam da escola, e assim continuamos empurrando goela abaixo conteúdos indiferentes a realidade de nossos estudantes, sem o questionamento dos pais ou da sociedade.

É baseado neste contexto que surgiram as temáticas transversais: trata-se de temas específicos relacionados à vida cotidiana da comunidade, à vida das pessoas, suas necessidades e seus interesses. A legislação brasileira se manifestou e escolheu alguns temas - Ética, Pluralidade cultural, Meio Ambiente, Saúde, Trabalho e Consumo e Orientação Sexual.

Muitos pesquisadores colocam como prática da transversalidade o construtivismo, que seria a resultante da ação do sujeito sobre os objetos de conhecimento, isso quer dizer, construir efetivamente o conhecimento, não decorar ou memorizar os conteúdos.

A profª Valéria Araújo e o Profº Ulisses Araújo trabalham duas concepções de transversalidade:

1) As disciplinas como o eixo vertebrador (principal) do currículo: é dessa forma que as escolas são estruturadas até hoje, através das disciplinas especializadas. Dentre suas formas de trabalho estão:

- Atividades pontuais.
- Palestras e seminários sobre assuntos transversais.
- Oferecimento de projetos interdisciplinares sobre temas transversais.
- A transversalidade incorporada nas próprias disciplinas.
- A transversalidade trabalhada como currículo oculto.

Crítica: Mesmo com tantas alternativas a fragmentação das especificidades (disciplinas) continua, o que é prejudicial ao desenvolvimento da educação.

2) As temáticas transversais são o eixo vertebrador (principal) do currículo: trata-se de uma mudança paradigmática, pois modifica o padrão que seguem até hoje.

Crítica: falta de comunicação entre as disciplinas.

É apartir destes estudos que se chegou até a pedagogia de projetos, estratégias de ação, no qual os temas seriam trabalhados de forma que transpassassem todas as disciplinas, assim, buscando a comunicação e a interação, como uma teia de aranha.



Sendo assim, as estratégias iriam além da compartimentalização disciplinar e buscariam tirar a escola de seu isolamento, conectando a com o mundo externo.


# Vivência
Trabalhei, recentemente, com 3 tipos de projetos diferentes, todos denominados interdisciplinares.
1º) A cada bimestre se trabalhava um sub-tema referente ao tema central, os professores escolhiam seu sub-tema e montavam a sua parte do trabalho, que posteriormente era unido (suas folhas) em um só.
A grande reclamação era a quantidade de trabalho, que esta atividade trazia para os professores a cada bimestre.
2º) No ano seguinte devido as reclamações o trabalho passou a ter apenas um tema no qual a coordenadora estabelecia o sub-temas para cada disciplina. Cada um executava a sua parte, que posteriormente era unida em uma só.
3º) Mesmo assim a carga estava pesada e foi decidido que seria um tema anual, mas agora cada bimestre seria específico de uma disciplina, ou seja, 1º bimestre - Matemática e Ciência, 2º bimestre - Portugês e Inglês, e assim por diante.
A grande questão é: nenhum desses trabalhos caracterizou interdisciplinaridade, pois nenhum deles havia comunicação, pelo contrário havia a obrigação de fazer algo que era apenas mais uma função dentro do planejamento pedagógico.


# Bibliografia
Vídeo-aula 5: O conceito de transversalidade
Vídeo-aula 6: Temas transversais em Educação
ARAÚJO, Ulisses F. Temas Transversais e a Estratégia de projetos. Ed. Moderna, 2003.

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