domingo, 11 de setembro de 2011

Acredite... estamos no século XXI (semana 1)



Unidade 1 - Interdisciplinaridade, transversalidade e construção de valores
Disciplina: Temas transversais e a estratégia de projetos
Semana 1 (05 à 11/09)

Para tentar modificar, transformar ou, quem sabe, melhorar a Educação, se faz necessário voltar um pouquinho no tempo e entender em quais padrões e contextos esta instituição tão antiga foi formada e idealizada.

Em sua 1ª Revolução Educacional a escola era pensada apenas para a aristocracia, ou seja, o grupo que tinha acesso à aprendizagem, e tudo que nela implica, era pequeno e tinha uma relação individual (1 professor para 1 aluno).
 
Jean Baptiste Siméon Chardin, "A jovem professora", 1736

Já no século XVIII, o contexto era outro e os Estados nacionais consolidados na Europa faziam da Educação um dever público, rompendo com o clero e fazendo da escola uma instituição laica. Tal decreto do Rei Frederico Guilherme II dá início ao que se chama de 2ª Revolução Educacional.
Neste novo modelo de escola o professor é o transmissor de conhecimento, e por isso está num nível superior ao de seus alunos, estes são poucos e restringidos a homens, brancos e de posses.



Esse modelo pautado em quatro paredes e munido da ideia de homogeinização perdura até hoje, mesmo com a democratização e a universalização trazidas pelas mudanças sócio-economica e pela necessidade da inclusão das diferenças nas escolas, que caracteriza a 3ª Revolução Educacional.
Como um modelo de instituição educacional pautado em Estados totalitários, em salas excludentes, em minoria, pode ser capaz de oferecer parâmetros viáveis para uma escola que hoje "é para todos"? Como este antigo modelo, pode sustentar uma escola que, hoje, possue leis reafirmando o direito de inclusões sociais, economicas, psíquicas, físicas, culturais, entre outras?


Há a necessidade de pensar em uma escola fora das quadro paredes, uma escola que ultrapasse as disciplinas específicas, que vá além daquilo que se acredita ser o todo.
É seguindo esta linha, que o professor Ulisses Araújo, fazendo uso dos estudos de Edgar Morín, antropólogo e filósofo francês, explicou o paradigma da simplificação, vivido nas escolas e trabalhado através dos seguintes preceitos:

-Disjunção: separação entre os diversos tipos de conhecimento.
-Redução: do complexo ao simples. Analisando a parte como se fosse o todo.
-Abstração: matematização e formalização da ciência.

Toda esta simplificação, faz com que os reais problemas e complexidades contidas nos alunos sejam esquecidos e que eles se tornem apenas "gavetinhas" prontas (ou não) para receber conhecimento, que muitas vezes não lhe servem em seu mundo real.

Não há um modelo ideal a ser seguido, mas há opções sugeridas, como trata Ulisses no livro Temas Transversais e a Estratégia de projetos. A base de seu trabalho é na quebra do isolamento entre as disciplinas através da:

-  Interdisciplinaridade: comum a duas ou mais disciplinas, deve haver comunicação e integração entre as áreas.
- Multidisciplinaridade: solicita o aporte de vários especialistas.
- Transdiciplinaridade: ultrapassar a articulação das disciplinas, não encontrando acento em nenhum campo já constituído.

Em suma, o verdadeiro norteador do conhecimento escolar não deve ser o vestibular, mas sim a realidade vivida pelos agentes destas instituições: os ALUNOS.

# Vivência
Há 1 ano e meio tenho o privilégio de acompanhar um projeto de Permacultura, no qual a Transdisciplinaridade é real.
Na última sexta-feira (09/09/11) nos reunimos com as crianças do Ensino Infantil, em volta de um buraco, que futuramente será um lago, e colocamos para eles o problema: Como vamos transformar este buraco em um lago?
As respostas foram evoluindo de acordo com as problemáticas de cada sugestão, primeiro eles disseram para jogar água dentro do buraco, fizemos isso mas a terra virou barro e a água sumiu, depois veio a ideia de colocar piso, mas as crianças acharam perigoso escorregar, até que depois de uma longa conversa com 40 alunos e 4 professores (com função de tutores) chegou-se a conclusão de que cimentar o local era o melhor.
Problemas reais produzem pensamentos e soluções reais!


# Bibliografia
Vídeo-aula 1: As revoluções educacionais
Vídeo-aula 2: Os caminhos da interdisciplinaridade
ARAÚJO, Ulisses F. Temas Transversais e a Estratégia de projetos. Ed. Moderna, 2003.

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